quarta-feira, 21 de novembro de 2007

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Matéria da Revista BRAVO



"Poucas imagens dizem mais sobre os tempos atuais do que um monte de latas de refrigerante amassadas ao lado de embalagens de hambúrguer rasgadas. Eis o lixo cênico despejado no lustroso tablado do Viga Espaço Cênico, em São Paulo, no espetáculo Como Me Tornei Estúpido. A peça se baseia no romance homônimo do francês Martin Page, adaptado para o teatro pelo escritor e roteirista paulista Fernando Bonassi. A obra original é uma espécie de elegia à ignorância, sem cunhar mensagens defi nitivas ou desprezar o veneno do humor."

Clique aqui para ler o artigo completo.

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Sobre "Como Me Tornei Estúpido" por Sílvia Fernandes.

Como um homem inteligente e crítico consegue sobreviver na imbecilidade do liberalismo econômico e da sociedade de consumo? Essa é a questão que movimenta o humor absurdo de “Como me tornei estúpido”, adaptação de Fernando Bonassi para o romance de Martin Page, que Beth Lopes encena com a costumeira mestria. A trama surreal do jovem escritor francês leva o personagem Antoine, um jovem acadêmico de esquerda, a concluir que a inteligência é a causa de seus males e de sua misantropia numa sociedade em que não consegue se enquadrar.

A partir daí, a “busca da imbecilidade perdida” é o leitmotif da saga que impele o anti-herói de Page a uma “corrida para o nada”, orientada pela decisão de se aniquilar, mas com rigor. Assim, emprestando o método de sua experiência acadêmica, Antoine parte para a pesquisa pragmática da estupidez. O primeiro procedimento adotado é o etílico, já que as potencialidades danosas do álcool para a lucidez e a inteligência não podem ser menosprezadas. No entanto, o jovem neófito cai em coma antes de completar a experiência. A decisão seguinte é o suicídio, também aprendido em curso de especialização, mas igualmente mal sucedido.

O próximo passo planejado pelo personagem, a lobotomia, também resulta em fracasso. É nesse ritmo vertiginoso que o autor expõe a jornada nonsense de Antoine nos múltiplos experimentos de iniciação à estupidez. No entanto, talvez o fascínio maior da experiência esteja no contraponto que certos dados prosaicos fazem à trama delirante, com referências cotidianas e explicações racionais que pontuam as diversas etapas do processo e permitem, às vezes, aproximações com o realismo.

Ou, ao menos, com um certo realismo excessivo nos dados de realidade, em que o teatro contemporâneo tem se especializado. E que justifica a menção que muitos críticos fazem à “imaginação selvagem” do autor, que sem dúvida o aproxima do surrealismo, especialmente de alguns procedimentos de Boris Vian, por quem se declara influenciado, e especialmente Roger Vitrac. A inversão dos valores burgueses e a crítica à sociedade de consumo, via ironia e exagero, lembram muito Victor ou as crianças no poder, mas, ainda assim, é visível a distância que separa a abordagem surrealista do niilismo híbrido de Page, que integra elementos díspares para melhor atirar em várias direções.

Aproveitar as frestas desse hibridismo é, sem dúvida, o trunfo maior da encenação. Com familiaridade nos procedimentos de composição do ator e ancorada em partituras físicas de extremo rigor, Beth Lopes modela com requinte o complexo mundo contemporâneo de Page, permitindo que os atores se alternem nos papéis para melhor projetar a adequação progressiva ao modelo comum, que todos repetem com exatidão. Dessa forma, a progressão dramática para a imbecilidade tem contrapartida cênica na figuração do nivelamento, da série gestual consentida na repetição dos mesmos fragmentos pelos atores, que ganham, assim, a sintonia de um corpo coletivo.

O “jogo de vozes e máscaras sociais” é, dessa forma, denunciado ao espectador, e funciona como crítica inteligente à busca da estupidez.

O espetáculo

Este espetáculo foi produzido enquanto o Presidente Bush dizia em entrevista, no início de 2007, “encorajo todos vocês a fazerem compras” incitando à prosperidade mundial com o capitalismo do consumo. Ter por objeto um assunto atual e entranhado em nossas vidas não foi uma tarefa que se resolveu com soluções estéticas. Além do que estava circunscrito ao processo artístico de criação confrontamo-nos com uma questão moral.

Martin Page nos instigou a refletir sobre como ser feliz tendo consciência de nossa condição de consumidores ávidos, pois temos que convir que não há como negar a nossa derrota mediante as armadilhas de um bom marketing. Afinal num mundo com tantas possibilidades e ofertas tudo tem seu preço. Não quer dizer que não desenvolvemos formas de resistência para escapar do consumo imperativo, mas quando entendemos que é assim que o mundo funciona só então procuramos alternativas para manter a nossa autonomia e liberdade de escolha. Enquanto isso se restringir ao tema “comprar ou não” trata-se, no mínimo, de uma questão de competência. Mais para além dessa infindável discussão está claro que é preciso pensar sobre isto: na desigualdade profunda que faz com que certos homens sejam privados não só da realização de desejos de consumo, mas principalmente do acesso aos cuidados médicos e melhores medicamentos, aos bons alimentos e às boas escolas.

Revelando-se assim, um exercício crítico de nossa própria realidade, o espetáculo foi concebido em torno de um eixo – o do jovem Antoine -, cuja existência inadequada e mesmo assim singular, aponta para as contradições da vida contemporânea. Nesse terreno inóspito para a sensibilidade do personagem, perdido no mundo racional e midiático é que compartilhamos com o autor ao questionar, com humor cáustico, se o homem ainda é a medida de todas as coisas. O humor, muitas vezes visto como um gênero menor mostra-se como uma abertura para a valorização das subjetividades que escapam a “serialização”.

Assim como o autor conduz seu personagem através de uma divertida e nonsense busca pela adequação social, o espetáculo encontra uma forma para contar a história que pode perturbar o espectador por não ser igual à realidade. Foi com a intenção de criar uma comunicação viva e performática com o espectador é que quisemos construir a história com uma percepção tridimensional. Assim, os atores se revezam representando cada um de uma vez, as escaladas da investida de Antoine em direção à estupidez. Cada tentativa é uma tensão emocional a mais que o desempenho dos atores incorpora à vida do personagem. É como se os atores quisessem juntar os pedaços de Antoine e encontrar um sentido para a sua existência. O que se propõe é um jogo de alteridades com as diferentes vozes e máscaras sociais que o personagem, em alternância, tira e põe.

O resultado aqui exposto representa uma organização de todo o experimento com os elementos teatrais inspirados pelo romance, e torna presente a composição criteriosa surgida a partir das respostas cênicas dos atores. E porque não dizer o mesmo da criação das músicas, dos vídeos, do cenário, do figurino e da luz já que neste modo singular de fazer teatro enfatiza-se o que ocorre no interior de cada criador. Nesta etapa de finalização do espetáculo, embora ele mantenha o seu caráter de contínua transformação, os criadores deixam sua marca como um vestígio do trabalho em conjunto.

Neste sentido, a montagem teatral passa a ser uma impressão do lugar e do tempo em que compartilhamos copos, almofadas, cafés, pizzas com as idéias ou a falta delas, com as dúvidas e as soluções, como se tudo tivesse a mesma importância, ou seja, a importância não só de criar mas de materializar um conjunto de discursos para aqueles que agora assistem e constituem os próprios discursos.

Beth Lopes

domingo, 30 de setembro de 2007

Martin no Brasil

ZELIG FRANCÊS
Fã de Woody Allen, escritor Martin Page lança romance e vem acompanhar adaptação para o teatro do seu best-seller "Como me Tornei Estúpido'
MARCOS STRECKER

Ilustrada - 29/09/2007


A adaptação faz parte da vida do francês Martin Page. Depois de tentar por muito tempo emplacar seus primeiros romances "sérios", todos rejeitados, virou a mesa escrevendo o best-seller "Como me Tornei Estúpido" (Rocco), que acaba de ser adaptado para o teatro (leia nesta página). Em resumo, a obra diz que às vezes ser inteligente é um problema. O escritor criou um personagem que precisa virar um estúpido para se dar bem na vida.
Discípulo de Woody Allen ("é um dos meus mestres") e fascinado pelo personagem Zelig, criado pelo humorista americano, Page aposta na mistura da reflexão sofisticada com o humor. É fã de Charles Chaplin e Buster Keaton, mas também de Howard Hawks, Ernst Lubitsch e Frank Capra. "Gosto dessa tradição de obras interessantes, inteligentes, finas, psicológicas e, ao mesmo tempo, leves, bem-humoradas. Gosto muito dessa mistura", disse.
Depois de ficar conhecido pelo humor nonsense, a sua biruta criativa agora virou para um lado mais sombrio e sério com "A Gente se Acostuma com o Fim do Mundo", que lança no Brasil. O novo livro narra a história de Elias, um produtor de cinema que se envolve com uma jovem e sofrida escritora. "É o fim da história entre um homem e uma mulher que não se amam e também o começo de uma história de amor entre um homem e uma mulher que não querem se amar", resume.
"Não queria fazer uma continuação de "Como me Tornei Estúpido'", disse. Para o autor, "A Gente se Acostuma..." não vai ser penalizado por ser lançado na seqüência do seu best-seller, mas provavelmente não terá o mesmo sucesso comercial. "Na França, [o novo livro] também foi lido por menos pessoas, mas agradou mais aos que leram. Não se deve acreditar no sucesso, ele é uma mentira." Sobre a adaptação de "Como me Tornei Estúpido" por Fernando Bonassi, a terceira a ser realizada e a primeira a estrear fora da França, Page não tem a menor idéia de como seu texto foi montado -e acha isso ótimo. "Fico contente de não falar português, prestarei atenção apenas na direção e na performance dos atores. É como assistir a um filme com o som desligado", disse. "A traição é interessante, não se deve ser fiel ao romance", emenda.

Nova geração
Page faz parte de uma nova geração de escritores franceses que ainda estão transformando lentamente um panorama saturado.
Fora unanimidades como Michel Houellebecq ("A Possibilidade de uma Ilha") ou a nova estrela Jonathan Littell ("As Benevolentes"), poucos autores franceses contemporâneos têm se destacado no cenário internacional. "Há poucos escritores franceses atuais que me agradam. De um lado, há os muito intelectuais, irritantes, e do outro lado, autores muito comerciais, sem qualidade literária. Acho que deveria haver um meio-termo. Isso está mudando com a nova geração, com nomes como David Foenkinos ("O Potencial Erótico de Minha Mulher")", afirma.
Pela segunda vez no Brasil (veio para a Bienal Internacional do Livro do Rio, em 2005), Page elogia Lygia Fagundes Telles e diz que é fã de Caio Fernando Abreu, que conheceu lendo "Pequenas Epifanias", publicado na França pela editora José Corti. De São Paulo, Page segue para Belém, Rio e Ribeirão Preto.

André Blumenschein, Clarissa Kiste, Martin Page, Paula Picarelli e Kiko Bertholini

Martin Page, André Blumenschein, Ian e Amália Tarallo

André Blumenschein, Martin Page e Paula Picarelli

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

terça-feira, 14 de agosto de 2007

Sobre o autor e o livro

Como Me Tornei Estúpido é o romance de estréia do jovem escritor francês Martin Page. Desde que foi publicado pela primeira vez na França em 2001, tornou-se um sucesso imediato no mercado literário. Com repercursão fulminante, suas primeiras edições esgotaram quase imediatamente, e o livro foi rapidamente traduzido para 24 países, onde repetiu sua fenomenal tiragem. No Brasil, foi editado pela Editora Rocco, pelo SAFRA XXI, selo lançado em 2004 com a proposta ousada de lançar autores jovens e talentosos, e alcançou um resultado surpreendente, com a primeira edição de 4.000 exemplares esgotada em menos de um mês.

A crítica não poupou elogios ao estreante, que foi comparado por muitos a Tcheckov, Jane Auster e até mesmo Voltaire. Em 2004 venceu o Euregio-Schüler Literaturpreis, prêmio jovem da literatura francesa.

O autor, nascido em 1975, em Paris, esteve no Brasil em 2005 e foi um dos destaques da XII Bienal do Livro do Rio de Janeiro. Já escreveu outros dois romances ainda não traduzidos (Une Parfaite Journeé Parfaite em 2002, e La libellule de ses huit ans, em 2003), e confessa que suas influências vão de escritores surrealistas como Boris Vian, até cineastas como Tim Burton, David Cronemberg e Keneth Branagh. Como me Tornei Estúpido é uma agradável surpresa com sotaque parisiense, mas levanta questões universais.

“...Martin Page fez um romance coberto de razões e que revela um escritor que domina seu estilo tão bem quanto seu humor fino e sutil."
Le Monde

“Page transforma as propostas mais inofensivas em paradoxos engraçados. É como um Paulo Coelho ao contrário, já que lança seu personagem na busca espiritual da imbecilidade perdida.”
Le Nouveau Observateur

“Deliciosamente exagerada...Sempre há uma grande quantidade de leitores interessados em romances que esbanjam simplicidade e inteligência, e essa comédia absurda representa um ataque formidável à sociedade.”
Booklist

“É a visão crítica, divertida e inteligente de Page à estupidez humana.”
Publishers Weekly

“O livro vale por seu humor, que, a partir da narração por vezes surreal dos meios empregados pelo protagonista para atingir a estupidez, faz uma reflexão sobre os grandes mitos da sociedade moderna.”
Revista BRAVO

Sinopse

Como me tornei estúpido traça o curioso perfil do anti-herói contemporâneo Antoine, um rapaz de vinte e cinco anos, que vê na sua aguçada inteligência a causa de todos seus problemas. Para Antoine, a inteligência e a consciência crítica são empecilhos para alcançar a felicidade na sociedade atual.

Após as tentativas frustradas de se tornar alcoólatra, entrar num curso de suicídio, e até de fazer uma cirurgia para retirar uma parte do cérebro, ele se convence a renunciar ao pensamento e se propõe a percorrer uma saga rumo à estupidez.
A primeira atitude radical é instalar uma televisão no meio da sua casa. Ele atinge o ápice de sua experiência estúpida ao ser contratado como operador da Bolsa de Valores e ficar milionário derrubando acidentalmente café nos teclados da Empresa Investidora. Assim, nosso herói tenta de todas as maneiras se adaptar à sua nova condição – entre outras coisas isso significa comprar, comprar, comprar, enquanto a sua consciência dorme.

Mas as peripécias de Antoine não duram muito. Entre um intervalo e outro de Felizac (o anti-depressivo receitado por seu médico) o herói fica vulnerável ao seu próprio veneno, seu cérebro ainda dá sinais de estar vivo e sua dificuldade de sentir-se um membro efetivo da sociedade vem à tona. Até que o "resgate" de fato acontece, de uma forma nada convencional, com a ajuda dos excêntricos amigos, Ganja, Charlotte, Rodolphe e Aslee (que brilhava no escuro por ter comido um complemento de vitaminas com erro na dosagem de fósforo, quando criança).

O espetáculo, assim como o livro faz uma crítica afiada ao consumismo e ao pretenso livre-arbítrio que torna todos semelhantes. Uma rebeldia bem-humorada contra essa sociedade que exige a estupidez como passaporte e oferece a massificação como recompensa.

Encenação

O espetáculo foi concebido a partir da história do jovem Antoine, personagem do romance de Martin Page, cuja existência inadequada e mesmo assim singular, aponta para as contradições da vida contemporânea. Na medida em que a sabedoria de Antoine
revela-se com todo o requinte do conhecimento, paradoxalmente e na mesma intensidade, mostra-se inútil em um mundo com interesses voltados para os efeitos promissores das inovações tecnocientíficas.

Neste terreno inóspito para a sensibilidade do personagem, perdido no mundo racional e complexo dos tempos pós-modernos, é que o autor vai questionar, com humor cáustico, se o homem ainda é a medida de todas as coisas. O humor, muitas vezes visto como um
gênero menor mostra-se nesta obra tão bem colocado que se projeta como uma abertura para a valorização dos desejos e subjetividades que escapam a “serialização” dos modos sociais dominantes.

A trajetória do personagem passa do burlesco ao dramático para encontrar a única saída para ser aceito na sociedade: tornar-se estúpido. Assim como o autor conduz seu personagem através de uma divertida e nonsense busca pela adequação social, os atores se revezam representando cada um de uma vez, as escaladas de sua investida em direção à sua idiotice. Cada tentativa é uma tensão emocional a mais que o desempenho dos atores incorpora à vida do personagem. É como se os atores quisessem juntar os pedaços de Antoine e encontrar um sentido para a sua existência. O que se propõe é um jogo de alteridades que alterna as diferentes vozes e máscaras sociais que o personagem, em alternância, põe e tira. A encenação propõe, portanto, que os diferentes discursos e etapas da personagem sejam conscientemente conduzidos pelos atores, com se estes falassem as “palavras próprias alheias”, como diz Mikhail Bakhtin.

O jogo que se propõe retoma, ludicamente, o tema do alter ego.
Desta forma, as idéias e sentimentos que permeiam o texto tratam da singularidade das relações de amizade e de amor, mas também, não poupam críticas a selvageria da sociedade de consumo.

Uma das qualidades mais interessantes de Page é a sua capacidade de captar a realidade contemporânea e materializar em imagens divertidas, cheias de citações e piadas de seus artistas preferidos, sem deixar de lado a ironia mordaz. A polifonia deste palco de vozes possibilita à encenação um fluxo de ressignificações organizadas. Assim, o espetáculo constrói um discurso que ultrapassa os limites da palavra para criar com o corpo do ator, com a iluminação, com a música e com o espaço uma espécie de texto cênico, dando legitimidade ao ato criador.

A adaptação do romance para o teatro segue o desafio de cruzar tempos, lugares e narrativas diferentes sem perder o fio condutor proposto pela trama do autor. Assim o lugar onde tudo transcorre é a biblioteca do apartamento em que Antoine vive. As cenas que se sucedem transformam o lugar melancólico em um cenário de desvario exuberante, e o ambiente ganha a deformação surreal com a intensidade e ritmo dos acontecimentos. O apartamento de Antoine é uma espécie de palco íntimo para onde todos as lembranças, os sonhos, as expectativas convergem e se dissipam.

Em “Como me tornei estúpido” todos os instrumentos do teatro se integram para emoldurar o imponderável dos desejos mais profundos e intensos quanto aqueles que não revelamos.

Beth Lopes - Diretora

Direção

Elizabeth Lopes, diretora teatral ligada aos movimentos de experimentação dos anos 90, tem uma trajetória que registra ativas incursões cênicas a partir de adaptações de textos literários.

Após formar-se em artes cênicas na Universidade Federal de Santa Maria, Beth desloca-se para a França, onde prossegue uma formação em clowns, bufões e antropologia teatral. Transferindo-se para São Paulo, realiza sua primeira criação junto ao grupo Boi Voador , em Observatório, baseado na novela de Julio Cortázar, com adaptação de Jayme Compri, em 1989.

Sua criação mais original ocorre um ano depois, com outra transposição literária:O Cobrador, de Rubem Fonseca, montado com a Companhia Teatro em Quadrinhos, realização bem sucedida que apela fortemente para os códigos das HQs.
Em 1992, a realização de Os Brutos Também Amam, adaptação de Luís Cabral, baseada em texto homônimo e na transposição cinematográfica da obra, direção de George Stevens, não obtém os mesmos resultados. Aventura-se por um desconhecido texto de vanguarda, O Imperador da China, de George Ribemont-Dessaignes, imprimindo fortes marcas cubistas e futuristas à realização, em 1994. No mesmo ano, encena Violeta Vita, de Luís Cabral, espetáculo bem sucedido, retratando um caso de amor entre duas escritoras da aristocracia inglesa no começo do século XX, com as atrizes Claudia Schapira e Lu Grimaldi. Nos anos subseqüentes encontra-se à frente de realizações escolares apresentadas no circuito regular, com destaque para Em Lugar Algum, adaptação do livro Tempo de Despertar, de Oliver Sacks, espetáculo que vai a França e Edimburgo, em 1998, ano em que encena À Margem da Vida, de Tennessee Williams, numa produção que destaca Regina Braga como protagonista.

Suas últimas realizações incluem O Jantar, de Luís Cabral, em 1999; Silêncio, de Tom Stoppard, em 2000; São Paulo é Uma Festa, de Fernando Bonassi.
Desde 1997, Beth Lopes é, também, professora de interpretação do Curso de Artes Cênicas da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, ECA/USP.
Em 2005, encenou Quarteto em Diagonal, baseado no Quartet de Heiner Müller (CAC/USP); Merlin, de Tankred Dorst e adaptação de Silvana Garcia (EAD/USP) Cuidado, Frágil!, a partir do tema - crimes contra a humanidade, composto de fragmentos de textos literários e jornalísticos.

Como recente atividade intelectual, escreveu e organizou o dossiê sobre o ator para a Revista Sala Preta, do CAC/ECA/USP. Em 2006, ganhou uma bolsa de pós-doutorado para desenvolver uma pesquisa intitulada Corpo, espaço da memória.

E no teatro profissional, em 2006, como diretora e produtora junto à Cia de Teatro em Quadrinhos encenou Na Pele de Josef K construído a partir de cinco contos de Luis Cabral e de fragmentos de fatos reais.

Elenco

ANDRÉ BLUMENSCHEIN
Formou-se em Engenharia Agronômica na Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, da USP, em 1989. Foi no campus da ESALQ que participou da Oficina Permanente de Teatro do TUSP, sob direção de Gustavo Trestini e Simoni Boer, que resultou nos espetáculos Macunaíma, adaptação da obra de Mario de Andrade, e Arlequino, Servidor de Dois Amos, de Goldoni, dos quais participou como ator. No final dos anos 90, ingressou na Escola de Comunicações e Artes da USP, onde concluiu o curso de Bacharelado em Teatro, com especialização em interpretação. Entre os profissionais com os quais trabalhou, destacam-se, Rubens Correa, Beth Lopes, Marco Antonio Braz, Neide Neves, Silvia Pogetti e Ian Ferslay, do grupo Odin Teatret, de Eugênio Barba.

CLARISSA KISTE
Cursou o Teatro Escola Macunaíma, Bacharelado em Interpretação na Escola de Comunicações e Artes da USP, e a Escola de Arte Dramática (EAD). Desde 1995, no teatro profissional, atuou nos espetáculos Narraador de Rubens Rewald, direção de Adriano Cypriano; 3x4/18x24 de Caio Fernando Abreu, com a Cia. de Teatro do Lodo; BIS de Luiz Cabral, dirigido por Beth Lopes; Mal secreto- A vida amorosa de Ofélia de Steven Berkoff também com direção de Beth Lopes (Prêmio do Juri Popular no 8o Cultura Inglesa Festival) e Querida Helena, de Ludmila Razumovskaya, com direção de Iacov Hillel. Fez várias campanhas publicitárias e curtas-metragens, entre eles O Lençol Branco de Juliana Oliveira e Marco Cunha, vencedor do prêmio de Expressão Poética no Festival de Cinema do Rio em 2004 e participante do 58O Festival de Cinema de Cannes - CinéFoundation.

KIKO BERTHOLINI
Formado em 2000 em Bacharelado em Interpretação na Escola de Comunicações e Artes da USP, trabalhou na universidade com a diretora Beth Lopes nas peças de Nelson Rodrigues Coroa de Orquídeas e Bonitinha mas Ordinária, e com a diretora Tiche Vianna, especialista em commedia dell’arte, no espetáculo Se Essa Rua. Profissionalmente, atuou nos espetáculos Rei Lear, de William Shakespeare, dirigido por Ron Daniels e produzido e estrelado por Raul Cortez ; BIS de Luiz Cabral, dirigido por Beth Lopes; 4 Estações, também dirigido por Beth Lopes e Escombros, escrito e dirigido Leonardo Cortez. Além de vários trabalhos em publicidade, participou do longa-metragem Caminho dos Sonhos de Lucas Amberg.



PAULA PICARELLI

Formada em Artes Cênicas pela Escola de Comunicação e Artes da USP, Paula fez parte do Núcleo Bartolomeu de Depoimentos, de 2000 a 2003. Atuou em espetáculos como Se Essa Rua..., direção de Tiche Vianna e Bonitinha, mas Ordinária, de Nelson Rodrigues, direção de Beth Lopes. Em 2003, atuou na telenovela Mulheres Apaixonadas, de Manoel Carlos, na Rede Globo. Em 2006, atuou e produziu o espetáculo Do que Orlando me Disse, de Virginia Woolf, direção de Georgette Fadel. Atualmente apresenta o programa Entrelinhas, na TV Cultura.

Ficha Técnica

Texto/Concepção
De Martin Page, com adaptação de Fernando Bonassi

Direção

Beth Lopes

Cenário
Theodoro Cochrane

Iluminação

Aline Santini

Figurino
Theodoro Cochrane

Música Original
Marcelo Pellegrini

Atores
André Blumenshein
Clarissa Kiste
Kiko Bertholini
Paula Picarelli


Vídeo
Fernando Fraiha

Assessoria de Imprensa
Lúcia Faria

Programação Visual
Sato

Assistente de produção
Franceso Tarallo de Oliveira

Produtora
Amália Tarallo

Produção

Amália Tarallo
Produtora cultural desde 1992, é qualificada para: habilitação de projetos na Lei Rouanet, captação de recursos (patrocínios), direção de produção, produção executiva e administração.

Trabalhou na Koch Tavares por dois anos fazendo a produção e promoção de vários shows internacionais, entre eles: B.B. King, Oscar Peterson, Joshua Bell, Frederica Von Stand, Betty Carter.

Trabalhou na TV1 eventos organizando e produzindo grandes eventos de rua, entre eles a Festa dos 450 anos de SP, que parou a 23 de Maio pela primeira vez. Em um kilometro de avenida, 12 Estações Vivas ofereciam programação de cultura e lazer gratuitamente para a população. Mais de 1 milhão de pessoas estiveram nesse evento. Idealizou e produziu o Domingo na Paulista, também pela TV1. Em uma quadra da Av. Paulista (em frente ao Masp), a rua era interditada para receber várias atrações de lazer. Captou parcerias como o Sesc, Itaú Cultural, Fnac, Sesi e Rádio Gazeta para esse evento, que tinha um público semanal de 20 mil pessoas.

Foi produtora da cantora Zizi Possi por um ano, viajando para diversos estados fazendo a tournée do espetáculo Bossa (inclusive Portugal). Foi produtora e sócia da autora, diretora, bailarina e coreógrafa Renata Melo por 11 anos.

Foi reponsável no Brasil pela vinda de alguns professores de teatro internacionais, entre eles: Phillipe Gaulier, Joseph Rouben (teatré de cumplicité) e Mauricio Paroni de Castro (Scuola Paolo Grassi di Milano). Trazia esses professores para ministrar workshops para atores brasileiros.

Produziu em SP todos os espetáculos teatrais da produtora e diretora Monique Gardenberg; As Tres Irmãs (Renata Sorrah, Betty Gofman e Déborah Evelyn), Os Sete Afluentes do Rio Ota (Maria Luiza Mendonça, Júlia Gam, Beth Goulart, Caco Ciocler, entre outros) e Baque (Deborah Évelyn e Emílio de Melo)

Produziu inúmeros Festivais Nacionais e Internacionais sendo seu último trabalho a Mostra Latino Americana de Teatro de Grupo da Cooperativa Paulista de Teatro(que começou no dia 30 de Abril e terminou no dia 6 de Maio desse ano). Foram apresentados grupos de Cuba, Caracas, Argentina, República Dominicana e de vários estados do Brasil.

Já fez captação de patrocínio na Nókia ( "A Megera Domada" - com Marisa Orth no papel principal), Unibando, Brasil Telecom (5 anos de patrocínio para a coreógrafa e bailarina Renata Melo), Banco do Brasil, Correios, Gol Linhas aéreas, entre outros.

Fala inglês e italiano fluente.

Por que participar?

Além dos incentivos fiscais, desenvolvemos outras formas de participação através de patrocínio e ações de marcas associadas ao projeto.

Ativação e Exposição da Marca
Os elementos que compõe a plataforma da marca podem ser destacados a partir de ações coligadas ao espetáculo como promoção, eventos, estréias especiais, e etc.
Exposição da marca na locução inicial do espetáculo e material de divulgação (cartazes, banners, anúncios, entre outros).

Eventos Oficiais
Cotas de convites para pré-estréia, estréia oficial e temporada.

Apresentações Especiais
Apresentações Especiais para clientes e fornecedores.
Apresentações para funcionários seguidas de debate com a direção e elenco.

Ações Exclusivas
Ações promocionais junto às salas de teatro durante a temporada do espetáculo.

Ações sociais
Apresentação do espetáculo em regiões da periferia de uma ou mais cidades com o patrocínio da empresa, promovendo a inclusão cultural.

Outras ações sociais e promocionais poderão ser criadas em conjunto, aproveitando a marca e o espetáculo.