domingo, 30 de setembro de 2007

Martin no Brasil

ZELIG FRANCÊS
Fã de Woody Allen, escritor Martin Page lança romance e vem acompanhar adaptação para o teatro do seu best-seller "Como me Tornei Estúpido'
MARCOS STRECKER

Ilustrada - 29/09/2007


A adaptação faz parte da vida do francês Martin Page. Depois de tentar por muito tempo emplacar seus primeiros romances "sérios", todos rejeitados, virou a mesa escrevendo o best-seller "Como me Tornei Estúpido" (Rocco), que acaba de ser adaptado para o teatro (leia nesta página). Em resumo, a obra diz que às vezes ser inteligente é um problema. O escritor criou um personagem que precisa virar um estúpido para se dar bem na vida.
Discípulo de Woody Allen ("é um dos meus mestres") e fascinado pelo personagem Zelig, criado pelo humorista americano, Page aposta na mistura da reflexão sofisticada com o humor. É fã de Charles Chaplin e Buster Keaton, mas também de Howard Hawks, Ernst Lubitsch e Frank Capra. "Gosto dessa tradição de obras interessantes, inteligentes, finas, psicológicas e, ao mesmo tempo, leves, bem-humoradas. Gosto muito dessa mistura", disse.
Depois de ficar conhecido pelo humor nonsense, a sua biruta criativa agora virou para um lado mais sombrio e sério com "A Gente se Acostuma com o Fim do Mundo", que lança no Brasil. O novo livro narra a história de Elias, um produtor de cinema que se envolve com uma jovem e sofrida escritora. "É o fim da história entre um homem e uma mulher que não se amam e também o começo de uma história de amor entre um homem e uma mulher que não querem se amar", resume.
"Não queria fazer uma continuação de "Como me Tornei Estúpido'", disse. Para o autor, "A Gente se Acostuma..." não vai ser penalizado por ser lançado na seqüência do seu best-seller, mas provavelmente não terá o mesmo sucesso comercial. "Na França, [o novo livro] também foi lido por menos pessoas, mas agradou mais aos que leram. Não se deve acreditar no sucesso, ele é uma mentira." Sobre a adaptação de "Como me Tornei Estúpido" por Fernando Bonassi, a terceira a ser realizada e a primeira a estrear fora da França, Page não tem a menor idéia de como seu texto foi montado -e acha isso ótimo. "Fico contente de não falar português, prestarei atenção apenas na direção e na performance dos atores. É como assistir a um filme com o som desligado", disse. "A traição é interessante, não se deve ser fiel ao romance", emenda.

Nova geração
Page faz parte de uma nova geração de escritores franceses que ainda estão transformando lentamente um panorama saturado.
Fora unanimidades como Michel Houellebecq ("A Possibilidade de uma Ilha") ou a nova estrela Jonathan Littell ("As Benevolentes"), poucos autores franceses contemporâneos têm se destacado no cenário internacional. "Há poucos escritores franceses atuais que me agradam. De um lado, há os muito intelectuais, irritantes, e do outro lado, autores muito comerciais, sem qualidade literária. Acho que deveria haver um meio-termo. Isso está mudando com a nova geração, com nomes como David Foenkinos ("O Potencial Erótico de Minha Mulher")", afirma.
Pela segunda vez no Brasil (veio para a Bienal Internacional do Livro do Rio, em 2005), Page elogia Lygia Fagundes Telles e diz que é fã de Caio Fernando Abreu, que conheceu lendo "Pequenas Epifanias", publicado na França pela editora José Corti. De São Paulo, Page segue para Belém, Rio e Ribeirão Preto.

André Blumenschein, Clarissa Kiste, Martin Page, Paula Picarelli e Kiko Bertholini

Martin Page, André Blumenschein, Ian e Amália Tarallo

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